sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ROCINHA MORADA

domingo, 8 de janeiro de 2012

UBUNTÚ

UBUNTU


Um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo; então, propôs uma brincadeira para as crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí, ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu significa:

"Sou quem sou, porque somos todos nós!"

Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...




Conheço o conceito e reconheço sua importância para a educação,para vida em sociedade e para a vida comum. Em todos os sentidos
"Juntos somos um" ou, "Sou quem sou porque somos todos nós", como os
Umbutus.É usado como filosofia de ensino nos primeiros anos da educação
infantil, em atividades que socializam, humanizam, trazendo para dentro
da sala de aula, valores importantíssimos, que devem mover todas as sociedades, como a solidariedade e a generosidade. É uma ação pedagógica includente, que prepara as crianças, logo na sua 1ª infãncia, para a cidadania, para o convívio gregário e para a liberdade, de forma harmoniosa e equilibrada.
Certamente todo esse trabalho pedágógico-social, desenvolvido nos primeiros anos escolares, tem a intenção de fazer a diferença, que crie raízes, crie história, e continue fazendo a diferença em todo o curso da vida acadêmica dos educandos, servindo como base forte para todos os outros seguimentos da vida de um ser humano, trazendo reflexos nos comportamentos e hábitos, na famíla,
na sociedade e no desenvolvimento profissional, em todo o seu contexto. Mas, o que vemos, é um trabalho de desconstrução, a partir das mudanças de instâncias políticas do processo educativo. Onde, o que prevalece, são as técnicas, a educação bancária, a competição velada , a individualidade, as desigualdades e a desqualificação do professor com agente pedagógico social.
Como um comportamento valoroso, um conceito tão nobre pode ser comum em uma tribo africana e nos causar tamanha admiração?
Porque passou despercebido ao antropólogo?
Afinal, este padrão deveria ser comum e normal entre as gentes!
Conhecimento não é sinônimo de sabedoria. Certamente esse povo, os Umbutus, desenvolveram a sua humanidade na prática da sobrevivência em ambiente hostil. Onde só a união e a solidariedade pode assegurar a preservação da espécie com dignidade e evolução, eles desenvolveram sua humanidade e sua sabedoria através da educação. Educaram seu povo como irmãos, para a humanidade.
É uma pena que não tenhamos adotado o mesmo modelo para nossa sociedade, pois aqui, só o que se desenvolve é o ambiente hostil e, a Educação é
assunto subdesenvolvido.
Mas, se olharmos nossos arquivos, veremos luz no fim do túnel.Não posso deixar de lembrar da educação especial, que tem como prioridade o conceito
solidário, pedagógico-social e que, realmente, é ensinado, e funciona.
Nas paraolimpíadas de 2.000, uma atleta, de uma das equipes de revezamento, ao ver um atleta, de outra equipe, cair, na hora da troca dos bastões, parou onde estava e, esperou que o competidor se levantasse e se recuperasse. Logo, todos os participantes perceberam a importância do ato e, seguiram-na, deram as mãos e terminaram a corrida, todos juntos, chegando, todos, em 1º lugar. Estas atitudes fizeram o mundo todo refletir. Oro, para que tenhamos mais oportunidades de ver feitos assim, não de forma excepcional, mas de maneira normal como atitudes e comportamentos normais há todo ser humano. Onde o cconceito é :"o que der para voce, ´dá para mim também", em todos os aspectos da nossa sociedade,mas, principalmente na educação, que é onde se forma um cidadão verdadeiramente comprometido com a emancipação e com a realidade em que está inserido.

POESIA 4 ESTAÇÕES

Minha poesia é única
Ela ganha o ar
E os corações
Através da emoções
E é no coração
Que organizo os pensamentos
Ouvindo a sua voz
E sentindo com a audição
Movendo os sentimentos
Em uma só função
Transcrever inspiração
Poetizando
As palavras e a sensação
De só conhecer
Através das rimas
A dura arte de viver
Seu destino de artista
É tudo que pode ser
Vive em 4 estações
Que só a poesia traduz
Do calor do sol de verão
Que tem em seu interior
Transporta para a poesia
Toda a luz
E sua radiação
O perfume das flores
Da primavera as cores
Que impreguina
As palavras e a rima
Pode-se sentir o seu odor
Ao ler um poema em cor
Das folhas mortas e secas
Que são as marcas do Outono
Dentro de si, registra o sonho
E com as palavras tira da alma as feridas
Como as folhas caídas
E o inverno
Com seu vento frio
Traz o consolo do cobertor
Para o poeta
O manto é de amor
Combatendo o frio interno

E a poesia viaja
E vai a tantos lugares...
Todos as ouvem, todos a sentem!
O poeta fica feliz e seu coração sorri
Ao ver que dos sentimentos
É amigo intenso!
As emoções, pensamentos, reflexões e amores
Tudo ele pode traduzir.
KELL.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

HISTÓRIA DE VITÓRIA

O manequim Vitória é um projeto realizado no CAPS-AD CENTRA-RIO por pacientes da oficina do terapeuta João.  representa a vida que renasce com a recuperação.  Representa superação.   Recebemos a missão de criarmos uma história de vida para o manequim.  Eis a minha história:

VITÓRIA, vitória!  Vitória era eu.

 Mas uma vez jogada no fundo de um bar.  Uma recaída.  Eita, doença maldita!  Mesmo em tratamento eu ainda buscava consolo nas drogas.  Anestesia para a vida que insistia em exigir minha presença. Sempre chegava ao mesmo ponto: escondida, quase em pânico, com medo, na compulsão, pancada, falida, na solidão. Só com muito álcool pra derrubar aquele estado.  Ficava ali observando o movimento, na ilusão de parecer “normal”.  Foi assim que a conheci.  O que mais me chamou a atenção foi sua alegria e descontração,  também, a beleza, era uma mulher bonita.  Dessas que não tem idade.  O ar se encheu com seu perfume.  Chegou com várias pessoas para se divertir.   Bebia, cheirava e fumava, sem parar. Como eu, mas  permanecia linda.  E, eu, presa no fundo daquele bar, paralisada sob o efeito avassalador da dependência química cínica.  Em muitos aspectos éramos iguais.  Beleza, boa apresentação, cheirosas e arrumadas.  Ela, feliz, cheia de vida, de amigos e prazeres.  Eu, cheia de nada, de vazio e desejos de morte.  Lembrei que também fui assim, anos atrás.  Aos poucos, tudo foi sendo engolido pela progressão da doença ativa.  Senti imensa tristeza.   A noite já ia alta.  Chamavam-na pelo nome, à toda hora: VITÓRIA, Vitória. Saiu antes do romper d’aurora.  Quando o dia chegou, todos já se tinham ido do bar e, eu, do mesmo jeito no mesmo lugar, ainda mal.  Saí.  Destino: um refúgio da luz do dia, “o beco dos pancados”.  No caminho cruzei com uma mulher, o olhar arregalado, seu semblante expressava tormento.  Revolvia o lixo, no chão procurava.  Nos gestos, sofrimento.  O olhar vazio como folha ao vento.  Me detive e, no meu pensamento, por um breve e eterno momento, senti suas dores, seus sentimentos.  Nossos olhares se cruzaram num frágil reconhecimento, Vitória, era ela mesma!  Sentamos no beco, dividimos nossa miséria.  Com a droga ela se acalmou e, sua história me contou...  Nasceu e cresceu numa comunidade carente.  Largada na vida, foi  mulher, menina, bandida.  Violentada em sua integridade.  A  droga sempre foi bem vinda.  Lutou e venceu muitas batalhas.  Sobreviveu, intacta, até aqui.  Sabia que era vitória, no nome e na trajetória.  Foi pobre, foi rica.  Amada, odiada, ferida.  Foi filha, foi mãe, foi amiga, amante querida.  Foi puta, foi ladra, traficante, jogada na pista.  Hoje, aposentada, trabalhadora sofrida.  Ciente  da sua medida.  Guerreira, muitas vezes vencidas. Mas nunca abatida.  Ainda diz sim a vida.  Enquanto ela, falava eu pensava      - Igual a mim, compulsiva!  Feliz por achar quem a escutasse, ajudando a sentir menos naquela hora.  Pois tudo era...  Agora!  Eu observava Vitória.  Ela era linda!  Mesmo desgraçada.  Jovem senhora.  Antes vestida de madame, agora  mendiga, favelada!  A droga levou todos os luxos.  Mas, só por aquela noite.  Ouvindo-a, tive esta certeza.  Falou da sua luta com as drogas.  Mostrou suas tatuagens.  Muitas.  Cada uma com seu enredo, marcas da vida.  Há!  Como era linda! Sobressaia sua beleza!  Aquela situação me deu coragem de ir para casa. Nos olhamos e, entendemos que juntas tínhamos força para sair dali, descançar, recomeçar. Voltar pra casa!  Vitória!  Instintivamente nos abraçamos, nos despedimos, agradecidas, solidariedade de irmãs. O nó esta desatado.  Livres, alcançamos vitória!  De repente, todo o meu corpo foi sacudido por um choro profundo, sentido.  Acordei!  Estava dormindo!  Dormindo, sonhei!  Sonhei com o passado.  Vitória era a personagem que havia em mim.  Na realidade das drogas muitas mulheres,(Marias, Helenas, Vitórias), tinham historias assim Vitória sou eu!  Eu sou vitória!  E, juntas somos vitória!  Hoje somos superação. Estamos em recuperação, vitória, vitória! Naquele dia voltei ao Centra-Rio, (referência no meu tratamento), não ia lá há algum tempo.  Na oficina da construção, montaram um manequim, criaram uma personagem.  Colocaram peruca, vestido, maquiagem e, em cada parte do seu corpo,      Cada companheiro fez uma imagem.  Da doença á recuperação, mostrando sua representação, em comunhão.  Colocaram um nome, escolheram em  votação  .E , para minha surpresa: Vitória, era o nome, em questão  O manequim é símbolo de sublimação para as mulheres na instituição.  Somos, de novo, meninas, guerreiras, mulheres.  Com grandes possibilidades. Vivendo verdade.  Em recuperação.  No corpo as marcas que o tempo deixou para lembrar, sem saudades e sem medos no coração. Que vitória é nosso destino e,   Vitória nos dá a mão!!!!
  Oi!  Muito prazer. Eu sou Vitória Raquel.  Vitória Roberta, Vitória Maria, Vitória Livonete, Vitória Lúcia, Vitória...........
  


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

POESIA POR POESIAS

RAQUEL DOS SANTOS OLIVEIRA
Tenho 50 anos, moradora da  Rocinha , mãe , avó, professora, escritora e POETISA. SIM!!!!!!!!!!!!!!!!  POETISAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!



  Nada mais
                                 (Kell)

O que dizer eu então da poesia?
É um despertar.
Que se irradia.
No coração do poeta.
É meta!
Indo da palavra escrita.
A emoção mais escondida.
Concreta!
É inspiração.
Tocando a alma.
Como um sopro divino.
Unindo...
Com calma.
Escritor, ouvinte, leitor.
Traduzindo todas as formas de amor.

É sensação exepicional.
Numa suave incorporação.
Trazendo compreensão.
Aquele que sente.
Acima do bem e do mal.

Convida.
Querendo brincar.
A vida.
E ao ato de amar.
Num bailado sensorial.
Misturando a energia  da mente.
Ao prazer corporal.
Fazendo entender.
A essência do ser.
Do ser ou não ser.
Do viver.
E do não morrer jamais.
De permanecer.
Para sempre.
Pois na poesia.
Fica.
A natureza de quem a faz.
Então...
O que dizer eu da poesia?
É a alegria dos amores.
O prazer da paz.
Está no ódio, está nas dores.
Nos sentimentos, nos tormentos.
Nas mentiras, nas verdades.
Nas realidades.
E na imaginação.
Conta a vida descrita em versos.
Na voz do coração.

E,  o destino do poeta.
É descrever o que não se explica.
Para ver na expressão do outro.
A comoção aparente.
Que se rende.
Aos sentidos.
Ao que não se entende,
E, ao que não é entendido.











A IMPORTÃNCIA DA PALAVRA

                               A importância da Palavra


  A importância da palavra se potencializa  nos processos educacionais de alfabetização e letramento
  Desde que nascemos aprendemos a interpretar imagens, gestos, olhares e palavras, sendo estas, as mais importantes no nosso desenvolvimento como ser  humano, pois marca a fase da oralidade, onde poderemos nos comunicar com os outros e assim nos fazer entender. O mundo está cheio de coisas escritas. Decifrar e decodificar  palavras é essencial para esse desenvolvimento que se potencializa na escola, trazendo a inclusão social e nos dando acesso a grande parte da cultura humana,  geradora de vínculos intersubjetivos consistentes com o outro, com a existência, é,  em sua riqueza, o sopro criador do mundo. Falar  nos distingue  e,  na educação, criar capacidade de comunicação é emancipar as habilidades  de ver e entender a realidade em  que se vive. Favorecendo o desenvolvimento da competência linguística, ouviremos, certamente, o que tanto esperamos :  a voz audível, fortalecida e poderosa de nossas crianças, expressando, com liberdade e domínio de si mesmos e de suas ideias.  Expressando, enfim, com dignidade sua cidadania.  A palavra é a chave mestra da Educação. . Os antigos mestres nem sempre são escutados, disputam com outros meios o interesse dos discípulos, na verdade, já não
existem como tal, são hoje especialistas, com domínio da palavra técnica, quando não burocrática.
Perderam, enfim, a posição privilegiada que a tradição lhes conferia, confiando a eles os destino dos discursos escolares. A palavra do mestre e sua autoridade e competência foi posta em causa, bem como a palavra, a verdade, a voz única.   Não posso deixar de citar um grande mestre. Drummond já dizia:
“espreitar as palavras, escutá-las, seduzi-las, saboreá-las, mesmo se às vezes o gosto é amargo e, a
tarefa nem sempre é fácil. As palavras são opacas, não se entregam nem se iludem com as falsas
promessas. Não aceitam ser passivas, usadas apenas para atos de compra e venda, de consumo, de
mera negociação mercantil. Elas também nos espreitam, escutam, seduzem, saboreiam. Sob a “face
neutra”, escondem, cuidadosamente, tesouros esplêndidos e inesperados, que não são entregues
senão parcialmente. Elas são ativas, nos interrogam"
“Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres. (Carlos Drummond de Andrade. Procura da poesia. A Rosa do Povo)
Uma reflexão aprofundada e uma posição clara e consistente sobre a Palavra na Educação são portanto, necessárias, caso desejemos resgatar, nos tempos atuais, os pressupostos educativos
comprometidos com valores que constituem a nossa humanidade. Dizer e escutar são alguns deles.
E a palavra seu instrumento privilegiado.


                           PALAVRAS
                                                                       (Kell)
Muito a dizer.
Muitas palavras.
Para sempre marcadas.
Pela dor.
De não serem ditas.

Pela superação,
Do  ser. 
Se  já foram escritas.
Muitas palavras...
Escritas, faladas, ouvidas, sentidas.
Entendidas, ou não!
Feitas a mão.
Por amor.
E, cobertas de emoção.
Não são palavras jogadas ao vento.
São sementes.
Traduzem de uma existência, o tempo.
Vivido, inconsciente, consistentemente.
Pois, só falar não é suficiente.
Tem que falar e estar presente.
Verdadeiramente.
Sempre.
                          A profª Lúcia Venina, linguista e a maior defensora da palavra que já conheci.